sábado, 3 de novembro de 2007

"A TOXICODEPENDÊNCIA"

"O toxicómano é um cidadão de pleno direito, com os seus deveres e direitos, que revela sofrimento e dificuldades psíquicas e sociais, devendo a sua situação ser considerada como provisória e reversível.”
Federação Europeia de Intervenientes em Toxicodependência

A toxicodependência é um fenómeno, cuja explicação e intervenção deve assentar na análise de três variáveis: a individual, a familiar e a social.
Para além dos aspectos intrínsecos da droga enquanto produto, a toxicodependência como processo assenta, por um lado, no indivíduo, cujo percurso de vida se constrói com as condicionantes que o envolvem, por outro lado na família, que lhe forneceu os primeiros quadros de referência geradores do seu processo de socialização, e na sociedade que o integra, de acordo com as normas e regras subjacentes a essa mesma sociedade.
Por esta razão a toxicodependência é um fenómeno total, que compreende as diferentes dimensões da vida social e humana. Neste sentido a intervenção do Serviço Social deverá considerar a complexidade interactiva de todos estes factores e dela apreender os padrões que constituem objecto do seu interesse.
Independentemente das diferentes causas que conduzem à toxicodependência, o importante é ter a percepção de que todos os indivíduos não deixam de ser actores de um projecto individual.
Com efeito, alguns actores sociais assumem formas de estar e enveredam por caminhos que nem sempre a sociedade aceita como comportamentos aprovados. A toxicodependência é uma dessas opções, cuja vontade individual nem sempre é fácil de distinguir das contingências e das coerções da vida familiar e social.
A intervenção na área da toxicodependência pode ser realizada ao nível da Prevenção, da Redução de Riscos e Minimização de Danos; assim como, na Reinserção Social e na Investigação.
“A prevenção (…) é uma estratégia para evitar que aconteça algo considerado negativo. É geralmente uma estratégia recomendada com base no pressuposto de que o Estado de um sistema individual/interno familiar, comunitário, etc.; anterior a um problema é mais harmonioso. (Melo, 2002,pp:?)
A prevenção pode ser primária, onde não existe uma intervenção “directa” sobre o fenómeno.
A prevenção também pode ser secundária. Esta visa preparar o indivíduo e o seu meio envolvente com as condições necessárias à sua reinserção.
Os Assistentes Sociais assumem um papel importante de interacção com o meio e com a equipa técnica (nomeadamente o terapeuta), constituindo ponto de ligação e de mediador. É de referir que o acompanhamento se reveste de uma importância extrema de modo a estabelecer uma relação de ajuda com o indivíduo, criando uma relação de empatia.
Paralelamente, há todo um trabalho de investigação e formação que deve sustentar teoricamente a prática, nomeadamente sobre as características das drogas e do trabalho com toxicodependentes.
O desenvolvimento do projecto terapêutico deve ser individualizado encarado numa perspectiva integrada e onde o sujeito deve ser visto numa lógica Bio-Psico-social.
Para se realizar uma abordagem terapêutica existem determinados factores a considerar, tais como, as características individuais, as motivações/objectivos/expectativas, as condições familiares e sócio-económicas e os recursos que existem.
Existem diversos níveis de objectivos que o indivíduo e o técnico pretendem alcançar num tratamento em toxicodependência. A abstinência ao nível das substâncias e a reestruturação do estilo de vida, estes devem andar um a par do outro, são o primeiro objectivo.
Como objectivo intermédio surge a diminuição dos consumos e dos riscos associados ao consumo, a melhoria do estado de saúde e a melhoria do funcionamento familiar, laboral e social.
A autonomização é o último objectivo, o indivíduo deixa de consumir drogas e passa a ser independente ao nível das substâncias e a todos os níveis da sua vida.